Petisco que sai da frigideira fumegante encharcado de gordura, como o que ilustra esta reportagem, pode ameaçar a saúde. Um estudo assinado por especialistas de diversas universidades espanholas chega para reforçar a acusação e apontar o elo entre as frituras e o aumento da circunferência abdominal, um problema associado ao infarto. Durante o processo de fritura, os óleos são continuamente expostos a fatores que levam a um grande número de reações químicas”, conta a nutricionista Hosana Rodrigues, da Universidade de São Paulo. Há desde a transformação das moléculas de ácido graxo até alterações de aroma e sabor. “Pode ocorrer a formação de trans, se o óleo for reaproveitado e permanecer horas e horas sob altas temperaturas”, revela Ana Carolina Gagliardi, do Instituto do Coração de São Paulo. O aquecimento exagerado favorece a perda de ômegas, e a maioria dos tipos usados na cozinha contêm ômegas 3 e 6, gorduras do bem e essenciais para o nosso organismo, que simplesmente acabam desperdiçadas. Nunca deixe chegar ao ponto de fumaça. Sem contar que as frituras aumentam pra valer a quantidade de calorias nas refeições. Para você ter uma ideia, uma escumadeira cheia de batata cozida fornece 68 calorias, já a batata que passou por fritura, o teor calórico sobe para nada menos que 182.
Não custa lembrar que as gorduras saturadas e as do tipo trans aumentam a fração ruim do colesterol, o LDL, e fazem despencar a boa porção, que atende pelo nome de HDL e isso torna os vasos sangüíneos vulneráveis ao entupimento. Para piorar, muitos nutrientes do óleo, como os ômegas-3 e 6, que protegem o sistema cardiovascular, acabam virando fumaça. Literalmente. O aquecimento exagerado favorece essa perda, explica o bioquímico Jorge Mancini, professor da Universidade de São Paulo.
Até mesmo o riquíssimo azeite de oliva sai com a boa fama chamuscada da frigideira. É que o calor faz os compostos fenólicos simplesmente desaparecerem, cedendo espaço a uma concentração de moléculas oxidadas, nocivas às membranas celulares.
Ninguém vai banir iguarias fritas do cardápio para todo o sempre. Mas, por favor, se a vontade bater forte, pense na saúde do planeta e, depois de preparar sua receita, não despeje o líquido engordurado no ralo da pia. Esse péssimo hábito contamina os rios. Estimativas do Grupo Pão de Açúcar, que está à frente de um programa de proteção ambiental, dão conta de que cada litro de óleo jogado no esgoto tem capacidade para poluir cerca de 1 milhão de litros de água!
"Formam-se crostas de gordura na superfície, o que impede a passagem de luz e compromete a vegetação e os peixes nos rios", alerta Adriano Ferreira Calhau, coordenador do Instituto Triângulo, uma ONG sediada em Santo André , na Grande São Paulo. Além de acabar com a vida aquática, os resquícios gordurentos podem formar uma espécie de capa oleosa que impermeabiliza o solo e dificulta o escoamento das chuvas, aumentando as chances de enchentes. Há quem desconfie, inclusive, que essa seja uma das causas das inundações na cidade de São Paulo.
Uma saída para proteger o meio ambiente é a reciclagem do óleo de cozinha. No Instituto Triângulo, uma equipe recolhe o material que é destinado à fabricação de sabão. O Grupo Pão de Açúcar, em parceria com a empresa Unilever, dispõe de vários postos de coleta em São Paulo. O líquido segue para cooperativas que se encarregam da produção de biocombustível, conta Beatriz Queiroz, gerente de sustentabilidade do Pão de Açúcar.
Reportagem Revista Saúde/Edição de julho,2011,n. 339.
DILMA MATOS NOGUEIRA FONE:9251-5750
NUTRICIONISTA E PERSONAL DIET
CRN-3:30261